Parte I: Psicoterapia - aprendendo a se cuidar
Pensando na falta de conhecimento do público, em geral, sobre as práticas psicológicas e na influência destas sobre as escolhas pessoais, achei interessante apresentar um resumo sobre as constatações da Psicologia e de suas abordagens (teorias psicológicas), baseando-me nas perspectivas observadas da prática clínica e da vida cotidiana. Para que este resumo não perca seu potencial instrutivo, resolvi publicá-lo em duas partes:
A ‘terapia do divã’ (como algumas pessoas se referem), com crescente disseminação na mídia (cinema, novelas, reportagens, seriados, etc.), vem cada vez mais chamando a atenção das pessoas para a possibilidade de conhecerem a si mesmos (auto-conhecimento) a fim de atuarem com melhores estratégias no mundo, mesmo sem compreenderem acerca de seus métodos ou premissas. Parece que as pessoas supõe de que se trata de uma forma de cuidado especializado em saúde mental, onde se pode revisitar a própria vida e assim conquistar mais confiança em si mesmo e, consequentemente, na própria forma de existir. Apesar de que o tema 'auto-confiança' tem sido bastante explorado nas mídias, principalmente, programas ''informativos'' da TV, como se bastasse à pessoa se certificar de seus.
Pensando na falta de conhecimento do público, em geral, sobre as práticas psicológicas e na influência destas sobre as escolhas pessoais, achei interessante apresentar um resumo sobre as constatações da Psicologia e de suas abordagens (teorias psicológicas), baseando-me nas perspectivas observadas da prática clínica e da vida cotidiana. Para que este resumo não perca seu potencial instrutivo, resolvi publicá-lo em duas partes:
A ‘terapia do divã’ (como algumas pessoas se referem), com crescente disseminação na mídia (cinema, novelas, reportagens, seriados, etc.), vem cada vez mais chamando a atenção das pessoas para a possibilidade de conhecerem a si mesmos (auto-conhecimento) a fim de atuarem com melhores estratégias no mundo, mesmo sem compreenderem acerca de seus métodos ou premissas. Parece que as pessoas supõe de que se trata de uma forma de cuidado especializado em saúde mental, onde se pode revisitar a própria vida e assim conquistar mais confiança em si mesmo e, consequentemente, na própria forma de existir. Apesar de que o tema 'auto-confiança' tem sido bastante explorado nas mídias, principalmente, programas ''informativos'' da TV, como se bastasse à pessoa se certificar de seus.
Note-se que a expressão ‘CUIDADO DE SAÚDE’, ao contrário do preconceito existente sobre esse tipo de intervenção, geralmente associado ao conceito de ‘loucura’ ou perda da consciência ou ainda fraquezas e debilidades, trata-se de um cuidado com a própria existência assim como nos acostumamos a utilizar os serviços de saúde disponibilizados para prevenção ou erradicação de alguns desconfortos físicos. Tais como dentistas, ginecologistas, RPGistas, massagistas, e até mesmo as tão famosas academias. Já que a prática de esportes ou atividades físicas também está associada à manutenção e prevenção da saúde mental.
Importante, portanto, também associar a psicoterapia (=terapia psicológica) ou a orientação psicológica aos cuidados de saúde do nosso cotidiano, apartando de vez essa noção antiquada e preconceituosa de ‘tratamento para loucos’ como se fosse seu único campo de ação.
É verdade que a Psicologia em seus primórdios (séc. XIX), preocupava-se mais com a “cura’’ de doenças mentais do que com a compreensão ou manutenção do que entendemos como saúde (=equilíbrio emocional), porém desde essa época já se passou muito tempo. Muitos estudiosos ampliaram o campo de ação das práticas psicológicas com novas teorizações acerca dos fenômenos que englobam o comportamento humano.
Assim, pensando-se nos preconceitos associados às consultas psicoterápicas, acredita-se que a divulgação de suas possibilidades são muito bem-vindas. Porém, as observações de consultório mostram que as pessoas, muito frequentemente, devido ao desconhecimento das práticas da psicologia (ou o ‘fazer psicológico’), ainda se apresentam com expectativas baseadas no ‘fazer da Medicina’, este ainda muito mais difundido pela mídia. Por exemplo, a expectativa de diagnósticos fechados, prognósticos, prazos de tratamento (posologia), métodos de avaliação (exames) e, principalmente, seus respectivos métodos de “cura’’ (no mesmo sentido em que se busca medicação, remédios). Ao que parece, confunde-se a objetividade utilizada nos tratamentos médicos que cuida de fenômenos ‘biofisiológicos’ (à organismo), com o cuidadoso descortinamento da subjetividade (mente à mundo interno) própria de cada um, a ser compreendida e cuidada em prol de uma possível superação, na dinâmica psicoterapêutica. Processo que não permite avaliações de tempo-espaço a que estamos habituados quando buscamos tratamentos médicos específicos.
O cuidado psicoterapêutico, tanto do terapeuta com relação ao paciente, quanto do paciente com relação a ele mesmo, se faz acontecer no mundo das idéias, emoções, afetos, memórias, sensações. Ou seja, para cada paciente existe um único mundo, muito particular, a ser cuidado, atualizado e renovado. E daí, pode-se compreender o porquê da dificuldade de prescrições prévias. Cada SER que se apresenta traz sua própria história, permeada por dores e sofrimentos que, por incrível que pareça, trazem consigo o caminho da possível “cura’’. Ou melhor, o alívio do desconforto enraizado por anos e anos de desconhecimento das próprias possibilidades de lidar com as dificuldades. Por exemplo, como podemos nos curar de uma dor emocional, se não lidamos com ela conscientemente para encontrarmos respostas que lhe amenizem o sentido limitante e, até traumático? (Outro exemplo (imperdível), pode ser compreendido em “Não fuja da dor”, música dos Titãs que, sem nenhum 'psicologuês', resume o que estou dizendo.
Como um exercício do que se está falando, pense agora mesmo, quanto tempo você levaria para revisitar os fatos significantes de sua própria história (=dor, angústias) e encontrar o “remédio’’ que precisa para libertar-se deles(as)? Ou ainda, quanto tempo seria necessário para você encontrar a 'si-mesmo' e responder à vida com autenticidade?
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