terça-feira, 21 de junho de 2011

OLHAR FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL ?????


- A EXISTÊNCIA como fenômeno

Entende-se por EXISTÊNCIA, o lugar (espaço e tempo) onde o homem pensa sobre o seu projeto de vida e trava a batalha cotidiana do seu próprio destino. Para o existencialismo, a fenomenologia de Husserl significou uma nova possibilidade de se ‘conhecer’ o fenômeno da mente humana (consciência) diferente daquela postulada pela ‘ciência positivista’ e dos métodos racionais de organização em teorias.
O homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo e só depois se define, seja na sociedade burguesa européia ou na favela aqui do lado. Quero dizer, ninguém pode se poupar da  tarefa primordial de se construir dentro da realidade que o envolve.
Assim, o  método fenomenológico seria a forma ou o caminho que o terapeuta possui para aproximar-se da singularidade da existência de cada um. Esse modo de pensar e de se aproximar da existência própria e do outro, chamado fenomenologia-existencial, pode fundamentar uma ampla gama de atividades desenvolvidas em psicologia. Fundamenta a psicoterapia de adultos, adolescentes, crianças e grupos, o psicodiagnóstico e a psicopatologia. Também pensa as instituições e os fenômenos institucionais de uma maneira 'nova'. (http://www.fenoegrupos.com/cursos.php).
No âmbito das ‘ciências humanas’, existem muitas filosofias existencialistas, mas seus postulados comuns são fundamentais para compreensão do trabalho terapêutico realizado na clínica. Resumidamente, estes postulados indicam a dimensão do existir humano:

1.                   O ser humano compreendido como indivíduo (único e singular), e não por meio das teorias gerais sobre o que é o Homem e a realidade. Assim, a experiência interior ou subjetiva é considerada mais importante do que a verdade "objetiva", vista pelo terapeuta que a encaixa em seu conjunto de teorias;
2.                   A ‘Existência’ como objeto de investigação e de modelagem do projeto humano em permanente "devir" (acontecer). O ser-humano é o artífice de seu próprio projeto existencial, como realidade aberta aos outros e ao mundo;
3.                   O homem não foi planejado por alguém para uma finalidade mediante um projeto. O homem se faz em sua própria existência. A existência não se baseia numa essência pressuposta;
4.                   O mundo, como nós o conhecemos, é irracional e absurdo, ou pelo menos está além de nossa total compreensão; nenhuma explicação final pode ser dada para o fato de ele ser da maneira que é;
5.                   A falta de sentido (para onde vamos e porque), tem como consequência a indeterminação,  ou a liberdade para SER. Essa ameaça permanente de sofrimento dá origem à ansiedade, à descrença em si mesmo e ao desespero. Ênfase na liberdade dos indivíduos (e nas suas escolhas) como a propriedade humana distintiva mais importante, da qual não se pode fugir.  Até mesmo quando ‘não escolhemos’, estamos ‘escolhendo não escolher’ alguma possibilidade iminente.
6.             Essa vivência existencial, como fonte de angústia, para os existencialistas cristãos, aponta o caminho da intersubjetividade (comunhão com os homens) e da transcendência (comunhão com Deus). Para os existencialistas ateus, conduz à morte, ao nada.

E o que fazer para sobrevivermos a estas condições existenciais mantendo-nos 'lúcidos e saudáveis' (responsável por si-mesmo) para boas escolhas e, assim, construirmos o futuro que desejamos? Essa questão serviu como base para a elaboração de novos caminhos ou abordagens terapêuticas, numa aproximação feita entre os conhecimentos  da filosofia (perspectiva da realidade), da medicina  (compreensão do organismo humano) e da psicologia (interação entre a realidade, o organismo e a mente humana). Uma perspectiva para se ''OLHAR'' a humanidade e a existência assim como estas se apresentam, a fim de construir a compreensão dos fatos (fenômenos apresentados) de acordo com as possibilidades (escolhas) de cada um. 
Este ''olhar'' proporciona uma compreensão a cerca do comportamento HUMANO, que, ao invés de interpretar certos fenômenos como uma ''anormalidade'' (doença, por exemplo), compreende-se que o fulano-de-tal responde à sua realidade (dimensão humana e condições próprias de existência - faticidade) de acordo com suas possibilidades de escolha. E a tentativa psicoterápica de intervenção, a grosso modo, seria a de ampliar sua capacidade de fazer escolhas, aumentando a consciência de si mesmo e de sua abertura para interagir com o mundo e os outros (realidade). 
Pensando no mundo em que vivemos, distraídos da tarefa de construirmos a nós-mesmos, de interagirmos com os outros respeitando a humanidade inerente a cada um, e da realidade ao redor (compartilhada por todos), lembro agora daquela velha máxima: " De perto ninguém é NORMAL !!! " ou ainda "Controlados, estamos todos calmos...".

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