A Fase Adulta: escolher para SER ou SER para escolher
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício
da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que,
esquivando-se do sofrimento, perdemos
também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional."
( Carlos Drummond de Andrade )
Drummond ao escrever os versos acima, além de tocar em questões fundamentais do existir humano (o amor, o trabalho, a consciência de nós mesmos, o medo, a dor) certamente, também se refere à temporalidade intrínseca à existência. Afinal, o ‘desperdício’ só pode ser assim considerado pensando-se que num determinado intervalo de tempo-espaço ocorreram situações mal aproveitadas, que ficaram no passado e que podem se constituir como mais uma fonte de angústia quando avaliadas como ‘’possibilidades perdidas’’. Quero dizer, se fôssemos eternos e/ou imortais, nesse mundo que construímos e onde nos construímos com os outros, provavelmente não nos preocuparíamos com o passado ‘perdido’, já que a nossa frente infinitas possibilidades estenderiam-se por toda a eternidade, para que pudessem ser testadas e conquistadas para o nosso bem, para nossa felicidade e desenvolvimento pessoal (experiência de vida, auto-conhecimento, etc.). Assim, sem o desconforto de um ‘prazo de validade’, a perspectiva de nossas escolhas seria infinita, nos poupando da dor da frustração, do arrependimento, do tempo perdido ou do tempo não aproveitado, e ainda, do sofrimento de várias ‘’dores’’ acumuladas e arrastadas durante os anos como um peso, nos limitando ainda mais o campo de visão para darmos chance ao ‘’novo’’, ao desconhecido.
Somos perecíveis e mortais, e, portanto, nosso tempo-espaço é no aqui-e-agora. Precisamos fazer escolhas constantemente durante a vida. Uma escolha entre as ‘zilhões’ de tantas outras possibilidades deixadas para trás, que será parte de nossa existência e nunca se apagará de nossa história. (Por exemplo, sobrevivência material, trabalho, carreira, relações familiares, escolhas amorosas, amigos, casamento, filhos, formação pessoal, etc.... como saber de antemão qual dessas opções nos trará a tão sonhada ‘’felicidade’’?). Retroceder no tempo ou contar com a eternidade é materialmente impossível. Mas, podemos sim aprender a lidar com quem somos para aceitar o que foi possível. Este é um dos primeiros passos para que nos libertemos do ‘’automatismo’’ e para que novas reflexões e escolhas aconteçam. Isso é o que a psicoterapia possibilita a cada um, uma ‘’faxina’’ mental.
O que será que eu carrego que me faz sempre escolher as opções erradas? Porque tudo dá errado comigo? Você já pensou nisso? Com certeza que sim, mesmo que as escolhas nem sempre tenham sido tão ruins, geralmente, estas são as selecionadas pela memória mais significativamente. Afinal, o ‘prazo de validade’ para encontrarmos nosso lugar-no-mundo, ou mais coloquialmente, a tal ‘’fellicidade’’, está continuamente nos lembrando que poderíamos ter agido de outra forma.
Assim na psicoterapia, num ambiente protegido e acolhedor, toda a trajetória de vida de cada pessoa pode ser reconstituída, repensada e avaliada para que cada um se aproprie da forma como ‘atua’ no mundo, apropriando-se de si-mesmo e de sua história, em prol das possíveis e futuras escolhas que o direcionem para a vida com autenticidade: O CUIDAR-DE-SI-MESMO.
Aliás, auxilie seus sentidos, inclua-os nos cuidados com o 'si-mesmo', envolva-se com 'belezas' que os despertem. Ler, assistir filmes, ouvir música, admirar exposições, dançar... Ou, melhor dizendo, admirar-se e compartilhar-se com as diversas formas criativas do ser-humano com o mundo. Isso amplifica seus sentidos e amplia seu campo de visão: "OLhar", perceber, se deixar preencher, expandir... Ouça e desfrute da belíssima interpretação da canção abaixo:
Three little birds (Bob Marley) por Gilberto Gil
Como você se sente agora???
Sim, o sofrimento é opcional.... CUIDE-SE BEM !!!!!!
Márcia Coutinho
Psicóloga e Sexóloga
CRP/06-81.855
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